Salada de lima e tomates

Estava enrolando para escrever sobre o tema.
Praticamente um mês e meio sem postar nada. E antes disso já estava rareando a frequência das postagens. 

Alguns leitores perguntaram se estava doente ou abandonei o Gourmandise de vez. Não! Não estou doente e não abandonei.
Continuo cozinhando e comendo, mas precisei mudar meus hábitos no começo do ano. Em meados de setembro do ano passado tive um pequeno susto com questões femininas. Fui parar no hospital com muitas dores e fiz uma série de exames. Os tais exames esfregaram na minha cara algo que não queria enxergar: precisa cuidar melhor da saúde. 
Demorei um tempo para aceitar que tinha que mudar. Toda aquela vida sem horário regrado para comer ou dormir, alimentação repleta de excessos, vida sedentária e bebida alcoólica além do recomendável não dava para manter. Os quarenta chegaram com suas consequências.
No começo só diminui as taças de vinhos e coquetéis semanais, embutidos e frituras/gordura saturada. Comecei a caminhar - na velocidade cruzeiro (leia-se passo tartaruga observando a paisagem) - três vezes na semana.
No final de janeiro, os novos exames ainda apontaram gordura corporal além do aceitável e percebi que os três quilos a menos não fizeram muita diferença. O endócrino disse para tentar emagrecer reeducando a alimentação e me exercitando de verdade. E finalmente falou o que me assustou: podemos tentar remédio se não conseguir. Como assim, não conseguir? O meu orgulho não aceitou isso, afinal sem nenhuma alteração hormonal ou doença grave pré existente como é que não conseguiria?!
Precisei largar de vez o sedentarismo (ai, eu era tão boa nisso!) e comer corretamente (por que será que tantos profissionais da área de alimentação comem tão errado?). Comecei a procurar esportes que não odiasse ou desistiria na primeira semana. Reorganizei as minhas amadas despensa e geladeira focando na nova fase.
Sempre odiei o ambiente de academias, por isso comecei a fazer treino funcional em casa diariamente. Em seguida troquei dois dias pelo pilates. Hoje mesclo funcional, HIIT, pilates, corda, hipopressiva, corrida (algo que ainda preciso melhorar muito) e escada (vantagens de morar em prédio). Vou confessar que continuo não apreciando treinar, mas não  aceito o fato de adoecer por descuido novamente.
A minha família sempre se reuniu em torno da comida. Afinal descendentes de imigrantes são traumatizados pela escassez dos alimentos. A mesa sempre farta de todas as combinações possíveis e imagináveis me ajudou a ser uma adolescência gordinha. Os esportes nunca foram incentivados pelos meus pais. No início da faculdade consegui emagrecer apenas cortando alguns itens, afinal o metabolismo era outro. Eu tinha a aparência de magra, mas continuava sedentária. Sei que não leva a lugar nenhum culpar a forma que fui criada porque eles fizeram da maneira que julgaram melhor. E eu demorei para querer mudar. A culpa hoje é apenas minha e a vontade de mudar também.
Mudar a alimentação foi menos sofrido que imaginei. Comigo não funcionaria contar calorias e sim montar a refeição pensando no equilíbrio de fontes de nutrientes. Os menus fixos diários ou semanais também não dariam certo porque morreria de desgosto. Comida ainda me deixa muito feliz e para continuar tendo uma boa relação com ela preciso de variedade de sabores, texturas, cocções, origens e por aí vai. Todo dia comigo só funcionam a água e o café (contanto que mude o tipo de grão e extração - pessoa fácil não?). E quanto as trocas improváveis como manteiga pela margarina ou os queijos deliciosos pelo branco light, nem pensar! Preferi mantê-los em porções modestas. 
Reduzi os doces para uma vez ao mês (foi fácil porque adoro fazer, mas fico muito bem sem comer). Nem precisei aumentar a ingestão de água porque já bebia cerca de dois litros ao dia. Fiz jejum intermitente nos primeiros quinze dias (16:8). Diminui o consumo de carboidratos simples à tarde e noite e comecei a evitar a combinação deles na mesma refeição. Aumentei consideravelmente o consumo de legumes, leguminosas e frutas (dando mais atenção aos de moderado e baixo índice glicêmico) e um pouco a quantidade de proteína animal porque comia pouco (uma vez na semana). Fome sempre foi um dos principais motivos de mau humor e para não deixar o estômago roncando por muito tempo comecei a carregar frutas frescas e oleaginosas na bolsa. 
Continuo saindo com os amigos e família e como de tudo um pouco. Não posso arruinar minha vida sócio-familiar. A minha base emocional está justamente nisso e, se estragar, ficaria abalada. Hoje bebo mais devagar e procuro parar bem antes do final da segunda garrafa de vinho num sábado. A família e, principalmente o Marcel ajudam muito ao não boicotar o dia a dia.
De vez em quando ainda rola uma pizza, ramen ou burger no jantar. A diferença é que não vou me empanturrar de pizza ruim. Afinal o carboidrato pode até ser simples, mas o conceito precisa estar lá: fermentação longa, farinha de trigo de boa qualidade e demais ingredientes excelentes. E quando o bolso não consegue pagar contento-me com sopa de legumes em casa.
Tomo proteína de ervilha (tentei as outras, mas não me senti bem) após o treino. Não vou afirmar que nunca consumirei aceleradores, termogênicos, aminoácidos, vitaminas e tudo mais, mas hoje ainda não quero.
O foco não era vestir o manequim 36 e sim ficar saudável. Os resultados dos últimos exames foram ótimos (melhor que os da época do segundo grau) e sinto-me mais disposta. A porcentagem de gordura diminuiu consideravelmente e a de massa magra está melhor que nunca. Toda vez que dá aquele desânimo de treinar, penso na dor que senti em 2017 e em todas os problemas que o meu aposentado estilo de vida poderiam causar.
Estou aos poucos tentando adicionar outros ingredientes e novos sabores para não cair no tédio ou na tentação.

Queridos leitores: Não aconselho ninguém a começar a se exercitar ou mudar a alimentação sem prévia visita ao médico ou supervisão de profissionais.

Mas vamos ao que interessa: aumentei o meu repertório de saladas e sopas. A do dia teve pepino, tomatinhos vermelho e amarelo, feijão azuki e laranja lima. Tenho certeza que ninguém precisa de receita de salada, apenas compartilho as combinações que funcionaram na minha mesa.


E para temperar usei o suco da própria lima, azeite, flor de sal e pimenta do reino branca.


Postado por NM.

Comentários

Postagens mais visitadas