Mi Buenos Aires querido...
Todo paulistano que visita Buenos Aires acaba fazendo comparações entre a cidade hermana e a capital de São Paulo. Eu não escapei desta sina...
Buenos Aires possui menos trânsito, a cidade é plana, o centro possui prédios conservados e é um pouco mais seguro e limpo, não possui motoboys e a maioria dos bairros são arborizados (que fique registrado que não visitei o subúrbio). Normalmente, os porteños vestem-se de maneira elegante, mas aquele ar esnobe escapava de vez em quando.
Obelisco
Caminito
Puerto Madero
Mas são mais machistas que os paulistanos. Em todos os taxis que peguei, o motorista não prestava atenção quando eu direcionava o endereço, só escutava o homem que nos acompanhava (isto quando esquecia de ligar o taxímetro ou tentava errar o troco - mas esta questão não engana um brasileiro!). Nenhum garçon (restaurantes simples e chiquérrimos) ofereceu-me para degustar os vinhos que pedi, sempre os homens da mesa que degustavam (pensei: Nina, você não está na sua cidade, respire fundo - deixe para escrever no Gourmandise).
O que comi? Ótimas saladas (tive a impressão que consomem mais saladas que a maioria dos paulistanos), carnes saborosas (outras nem tanto), muito sorvete/sorbet, cafés aguados e nenhum vinho bacana (é verdade que não queria gastar com vinhos em restaurantes). O clima da maioria dos restaurantes era o de um bistrot.
No Arturito (Av. Corrientes, 1124), experimentamos o Pâté de fígado no couvert (muito bom), Asado de tira (excelente), Cazuela de calamares (correto) e Sorbete de limon com espumante (era refrescante, mas confesso que nunca pediria algo do gênero em São Paulo - entramos no clima). Acompanhamos com a argentina Quilmes (aguada).
No La Rienda (Calle Paraguay, 716), experimentamos: Salada mista, Bife de chorizo com purê de calabaza (carne ótima - os purês eram apenas legumes cozidos e amassados com pouquíssimo sal), Bife de chorizo mariposa (ótimo), Brochette de filé mignon e frango (bom), Chorizo mariposa (bom), Malma Malbec 2007 (alcóolico), Trumpeter Malbec 2006 (frutinhas vermelhinhas), Panqueques de manzana y dulce de leche (quem pede uma sobremesa destas já sabe que será super doce) e Don Pedro (sorvete, nozes e whisky - outra sobremesa que jamais pediria no Brasil).
No Lola, escolhemos Ravioli de pato com salada de rúcula (correto), Bruschetta de Parma (muito bom), Pescada grelhada com legumes (delicioso) e Lomo de cordeiro com batatas (bom), Parfait de pêssego (bom), Sopa de amora com sorbet de menta.
No Los Chilenos (Calle Suipacha, 1024), experimentamos: Cazuela de calamares (ok), Mero com arroz de açafrão (peixe sem sabor e parecia cúrcuma ao invés de açafrão no arroz) e Queijo de cabra com melado de cana (o queijo não parecia ser feito com leite de cabra). Senti muita falta de choclo, quinoa, empanada (aliás consegui passar a viagem inteira sem comer uma empanada!) e ceviche. O garçon foi muito simpático, mas a cozinha não me lembrou em nada a chilena.
No famoso Siga La Vaca, que trabalha em sistema auto-serviço ("serve-serve"), experimentei: Saladinha simpática (e salgada),Carré de porco (bom), Bife de chorizo (bom), Asado de tira (mais conhecido como "chiclete de tira", ótimo para exercitar o maxilar), Chorizo (salgado), Moleja (ressecada), Morcilla (já degustei melhores em São Paulo), Riñone (o único miúdo bom), Chinchuline (ressecado), Vacio (esturricado - eu que sempre imaginei que carne super passada fosse um sacrilégio para os argetinos) e vinho Pont L'évêque (chegou à mesa porque era incluso no preço - melhor não comentar). Para a sobremesa, pedimos um Sorvete de morango e limão (os sorvetes desta cidades são ótimos). Em duas tentativas de buscar mais parrilla, as carnes que pedi demoravam cerca de 15 minutos.
Engraçado o diálogo de uma senhora porteña com o parrillero:
senhora: Toda vez que venho buscar mais carne, o senhor me diz que ainda vai demorar 15 minutos...sessenta e três pesos para esperar tanto?
parrillero: Não entendi nada o que a senhora disse (rindo)!
senhora: pobrezinho....vai continuar aqui para sempre...
Depois deste diálogo, desisti de comer carne nesta casa.
Pessoalmente prefiro os rodízios de carne na minha cidade (onde ainda posso escolher o ponto da carne e quando quero comer).
Os sorvetes de Buenos Aires foram os meus preferidos da viagem. Sempre pedia na sobremesa e fui todos os dias em uma pequena sorveteria próxima do hotel. O dono da Helados Esmeralda (Calle Esmeralda) era rabugento, mas os sorvetes fantásticos: cremosos, com sabor de créme anglaise e frutas de verdade.
Para os brasileiros, o café argetino é aguado (degustei em confeitarias antigas, cafés de shopping, cafés de rua, cafés famosos, cafés de rede, cafés modernos, cafés gourmet). Apesar de utilizarem máquina de espresso. A solução para quem não consegue ficar sem café, foi pedir o "espresso curto" sempre. Pelo menos sempre serviam com água com gás. O charme das confeitarias e casas de café antigas mascarou a minha decepção com este bebida.
Como todo turista, trouxe na mala, alguns itens: alfajor, dulce de leche, chocolate, torrone, salame e queijo da Patagônia, geléia de marmelo (depois da peregrinação daquela vez), infusões, aceto balsâmico branco e fermento biológico seco (também trouxe farinha de trigo - já que os argentinos sabem exigir qualidade neste produto).
Postado por Nina Moori.
Comentários
que legal esse teu set-list bonairense!
ó só, eu acrescentaria a sorveteria pérsico, uma rede que surgiu depois de uma briga entre sócios do freddo. daí, metade ficou com o freddo (que tbm é priceless), e a outra metade abriu a pérsico. vale, hein!
bjo
Bjus
"Tenho sentido muita saudade das medialunas e também do sorvete Freddo. O café de Buenos Aires é terrível, eu não achei fraco e sim com gosto de queimado. Penso que os argentinos não gostam muito de sal, pois sempre precisava colocar sal nas comidinhas. Percebi que eles gostam mesmo é de coisinhas doces.
Beijos e gostei muito do post.
Eu Mulher."
Cruzei com um grupo de turistas portugueses imenso! Cerca de 40 pessoas!
bjinho,
N.
Beijos!
Yuri
Evitem as roubadas aplicadas em turistas qdo forem a BsAs.
Visitem guiaoleocom.ar. Neste site, mais de 40 mil portenhos dão nota pra comida, ambiente, serviço e preço de uma série de restaurantes de lá.
Assim, ao invés de pagar preço de turista, vc caminha mais uma ou duas quadras e tem comida, serviço e ambiente melhor por preço menor.
Obrigada pela dica sobre o guia Oleo. Mas todos os rstaurantes e bares que visitamos foram pesquisados exatamente neste guia.
bjo,
N.
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